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Reputação como legado na Gestão Pública

    Qual é o lugar do cuidado com a reputação nas administrações municipais? É bem possível que você não saiba responder ou nunca tenha parado para pensar nisso. Por outro lado, certamente você concorda que melhorar a percepção da sociedade a respeito dos agentes públicos e do Poder Público em geral é, ao mesmo tempo, uma necessidade e um grande desafio. 

    A ineficiência dos serviços, a burocracia, a falta de transparência, as notícias de corrupção e as inúmeras e cada vez mais constantes crises de imagem são apenas alguns dos fatores que, ao longo dos anos, contribuíram para a formatação de uma reputação profundamente desgastada perante a opinião pública. 

   E os prejuízos dessa aura negativa estão muito presentes no cotidiano dos municípios, em maior ou menor grau, seja na hora de comunicar ações positivas ou nos momentos de crise.  

    Reverter esse cenário não é tarefa fácil e passa por uma profunda mudança de mentalidade: de dentro para fora. O ponto inicial é o entendimento de que a reputação é o bem mais valioso de um mandato, gestão, pessoa ou instituição. Nesse aspecto, parece que políticos e administrações públicas ainda patinam em relação à iniciativa privada. No mundo corporativo, o planejamento e a gestão de reputação tem avançado - não sem percalços, claro - como diferencial competitivo e reserva de prestígio em momentos de crise, enquanto na administração pública a comunicação profissional ainda briga por espaço para implementar suas estratégias no planejamento e na tomada de decisão. 

    O gestor público que compreende esse potencial ou se dispõe a refletir sobre o tema precisa, inicialmente, buscar respostas para algumas perguntas. Como eu sou visto e quero ser lembrado ou reconhecido? Qual é ou será a marca da minha gestão? Como está estruturada a nossa comunicação e com quem falamos? Nossa mensagem está chegando aos nossos públicos? Os servidores se sentem parte, estão engajados? Estamos preparados para eventuais crises? Quais cuidados preciso manter para não quebrar a confiança daqueles que me confiaram o voto ou desgastar a imagem da instituição que represento?

     Desses e de tantos outros questionamentos possíveis certamente surgirão lacunas a serem preenchidas e objetivos a serem alcançados que reforçarão a necessidade de um planejamento estratégico da comunicação. A estratégia vai estar justamente na análise personalizada dos contextos locais, institucionais e pessoais, no diagnóstico e na definição do caminho comunicacional a ser seguido.  

     Mas além da compreensão das lideranças e dos princípios básicos da comunicação pública - que incluem a informação de amplo acesso, o combate às fake news, além da prestação de serviço, transparência e diálogo com o cidadão - existem outras questões ainda mais desafiadoras quando pensamos nos cuidados com a reputação na esfera pública.  

    Vivemos uma era de exposição permanente. A linha tênue que separa o público e o privado está cada vez mais apagada devido ao avanço da tecnologia e da comunicação pela internet. E se estar presente nas redes sociais é quase uma obrigação, saber administrar essa visibilidade é fundamental para preservar a reputação e evitar crises de imagem. 

   Só que isso exige dos agentes públicos a consciência de que suas atitudes são partes de um contexto onde não se pode mais desprezar os riscos embutidos nas ações antes de praticá-las. 

    Hoje é possível compartilhar ou receber em segundos no celular áudios ou imagens que retratam a falta de médicos no posto de saúde; más condições em escolas; desvios de conduta do prefeito, do secretário municipal, do vereador ou da recepcionista, entre diversos outros problemas. Por isso, é cada vez mais necessário refletir, alinhar discursos e monitorar ações e declarações, já que um ato indiscreto, uma frase mal interpretada ou uma postura indevida podem ter consequências desastrosas. Afinal, consolidar uma reputação positiva leva muito tempo, mas para destruí-la bastam alguns minutos. 

       E não se trata apenas do alto escalão. Esse ambiente permeado pelas redes sociais coloca todo servidor público em evidência como um representante da imagem da sua instituição em qualquer lugar que esteja, especialmente na internet. Já não se trata de pensar apenas no relacionamento com a imprensa, mas com todos os públicos que formarão opinião sobre a liderança ou a gestão.

    Na esfera pública, a reputação deve ser alicerçada em bases sólidas, com uma visão clara e transparente do objetivo e um discurso alinhado com todos os integrantes da gestão. A imagem positiva, assim como a mudança de mentalidade sobre o fundamental papel da comunicação, precisa ser planejada e construída de dentro para fora. Da estratégia ao legado.  

** por Julia Machado - Consultora de estratégia em reputação e gestão de crises para agentes públicos, ministrante dos cursos da área no IEM

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